quinta-feira, 12 de março de 2015

sábado, 7 de março de 2015

Uma pequena reflexão #3

Não é muito raro encontrar pessoas que pregam a bondade e o amor, quando, na realidade, esperam somente reciprocidade. Vemos isso frequentemente: alguma pessoa sente atração ou simpatia por nós, não apenas sente como também demonstra. Essa demonstração acontece por meio de presentes ou presença — e é sempre dito que é pelo nosso ser, que não deseja nada em troca a não ser que continuemos a sermos como somos.

Mas percebe-se que isso geralmente acontece quando se está em um início de relação, e que esse começo sempre vem carregado de entusiasmos de primeiro momento. Deve-se pensar, também, que não passamos 24 horas junto da pessoa; e que quando nos vemos, é quase sempre no mesmo horário e local. Quero dizer que, em cada local, horário e situação, agimos de maneira específica: quando alguém diz nos admirar pelo o que somos, não é pelo o que somos integralmente, e sim naquelas ocasiões e circunstâncias que nos conhecemos.

Ora, isso é óbvio e não é problema nosso; o problema surge quando o indivíduo passa a nos superestimar pelo aquilo que ele conhece. Aí, assim que começa a nos conhecer de verdade (muita vezes sufocando), não vê mais aquela pessoa de outrora.

Dependendo da pessoa, acredita até mesmo que o seu olhar está diferente, mas não é só o olhar, é a visão também. Isso porque não nos vê mais como "éramos", mas (que ironia) como somos. A bondade pregada muda por uma reciprocidade não recebida — ou percebida —, e não é só isso: culpa-nos por termos mudado, culpa-nos pela visão distorcida que criou.

Atualmente, em redes sociais, vemos muitas pessoas utilizando-se de frases "filosóficas, literárias e aleatórias" (fora de contexto) para mostrar (muitas vezes, fingindo) como se sentem, no caso: desiludidas — como se a ilusão fosse algo ruim; ruim é a realidade —, traídas e desapontadas. Tratando-se como vítimas e coitadas (moral dos fracos, segundo Nietzsche); tudo isso nada mais é do que o fruto de uma projeção do eu no outro, criada pela imaginação e vontade/desejo.