terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Uma pequena reflexão #7: Sopros

Pintando uma parede, a tinta ainda fresca, pousou um mosquito. Eu, sem querer matá-lo, assoprei-o para que saísse de lá. Porém, ao tocar na parede, suas finíssimas perninhas ficaram presas e o seu corpo se esmagou com o sopro... Fiquei triste por isso, pois não era a minha intenção...

Em seguida, pensei: também nós, com uma simples brisa da natureza, morremos. O bichinho não deve nem ter tido ideia do que aconteceu, nem do motivo, assim como eu não imaginei que seria essa a consequência.

Nós, humanos, às vezes, até conseguimos prever o nosso fim, podemos estudar a causa da morte do outro etc. E embora tenhamos consciência de tantos possíveis (e também impossíveis) fatores, na maioria das vezes, ignoramo-la (e ignoramo-los). Destruímos o nosso habitat, moramos em áreas perigosas e quando somos esmagados, imaginamos e acreditamos ter sido um sopro divino.

No entanto, essas são questões da Natureza, algo em que fomos inseridos (antes de existirmos, o mundo já estava aí). Mas é que eu também pensei na nossa natureza, na linguagem, algo que inserimos ao mundo — ao mesmo tempo em que, utilizando-nos dela, inserimo-nos mais profundamente ao Cosmos.

Ao ver o inseto esmagado por algo invisível, refleti: quantas vezes, por uma única palavra, algo invisível, que sai da boca de alguém e, através do ar, atinge-nos, somos destruídos? Ainda bem que a linguagem é dialética e, assim como pode derrubar, também pode levantar e despertar-nos. Ainda bem que nela nem tudo é literal, mas metafórico. 

Espero que esse curto texto sirva como ponte ou escada, que pinte em vós uma nova cor (não precisa ser bonita — até porque isso é subjetivo —, apenas diferente da de sempre). 
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