sábado, 15 de abril de 2017

Relato pessoal: muros e pontes

Há pessoas que são muros e há outras que são pontes — em diversos sentidos.

Em dezembro de 2006, no finzinho da sexta série, o meu melhor amigo foi embora para a Bahia, pois os pais dele são de lá e queriam morar na cidade natal (na verdade, a cidade natal do pai...). Continuamos a nos falar pela internet, embora, no começo, para isso, eu tivesse que ir para as lan houses (muitos jovens nem sabem o que é ou o que foi isso). Só alguns anos depois, em 2008, é que fui ter um computador e uma internet própria (do tipo discada!).

Com essa falta, aproximei-me de outras pessoas, tive novas, boas e ruins experiências. Foi durante essas más relações que notei que existem pessoas-muro, pessoas fechadas em si e que tentam fechar o outro também. Para elas, se somos amigos, até podemos ser amigos dos seus amigos, mas não podemos levar os nossos próprios para este novo círculo. Isso acontece frequentemente em relações amorosas (o que nunca foi o meu caso).

E sobre os muros, há os fortes e os fracos. Estes, feitos de vidro, qualquer coisa é capaz de quebrá-los. Não precisa ser uma pedrada, basta uma palavra ou um olhar. São ultrassensíveis. Devemos ter cuidado com essas pessoas, mas nem por isso devemos deixá-las sozinhas, dentro de suas muralhas. Aproveitando-nos da característica do vidro, a transparência, podemos aparecer em sua frente e acenarmos, para que possam nos ver e verem que há pessoas ao seu redor. A não ser que, por dentro, o dono tenha colocado cortinas escuras, para também não ver ninguém...

Por outro lado, há as pessoas-ponte, que foi o que imaginei quando o meu amigo voltou para São Paulo, neste mês de abril, para passar umas férias. Vieram ele e o irmão.

É que ele foi embora há 11 anos, mas a história dele comigo e com a turma não acabou ali, continuou sendo escrita, por outros meios, mas continuou, tijolo por tijolo. Ainda não está acabada, mas não está parada: está em construção.

Não foi a primeira vez que ele veio passar umas férias aqui, mas cada vez que vem, conhece mais pessoas do nosso círculo (cada vez mais expandido), além de, unicamente pela sua presença, reunirmos parte da turma que estudou junto na 5° e 6° série A, nos anos de 2005 e 2006, na escola Di Cavalcanti. Hoje, todos com suas vidas distanciadas, mas que se juntam para relembrar histórias, narrar a continuidade etc.

Acho isso fantástico: pessoas que são pontes entre outras pessoas, entre histórias, entre lacunas no e do tempo, entre algumas relações que, por causa das novas situações cotidianas, vão se perdendo... E, claro, por serem pontes, levam-nos à frente, permitem-nos caminhar e crescer enquanto elas também crescem.

Com essa vinda do meu amigo, fiquei mais próximo do seu irmão, que era bem pequeno quando foi embora (lembro até hoje...), retomei laços com outros amigos que há tempos não os via, relembrei histórias que não recordava (e isso porque eu já tenho uma ótima memória!), rememorei bons momentos que os colegas haviam esquecido, visitei lugares que nunca havia ido, conheci e ri com seus amigos (que não eram meus), passamos momentos com outros meus (que não eram da época dele) etc.

Enfim, penso ter havido um crescimento e fortalecimento mútuo. Às vezes, precisamos dessas visitas para que possamos caminhar um pouco mais e melhor.

Ao meu jeito, tento criar pontes entre as pessoas através das palavras (o escritor é um construtor de pontes, de experiências e de sentidos múltiplos). Ao menos como lembrança e agradecimento. 

Que esse texto seja mais um bloco na construção de nossa amizade.

Humildemente,
Um amigo e futuro escritor.
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